Como reconhecer, enfrentar e superar a síndrome da impostora para alcançar seu potencial profissional
A síndrome da impostora é um fenômeno psicológico que afeta muitas mulheres no ambiente de trabalho, levando-as a duvidar de suas conquistas e a sentirem-se como fraudes, mesmo quando possuem qualificações e experiências sólidas.
Esse sentimento de inadequação pode resultar em comportamentos como autossabotagem, procrastinação e medo de se expor, levando à perda de oportunidades de crescimento profissional e pessoal, bem como ao isolamento social.
Alguns estudos sugerem que mulheres que experienciam a síndrome da impostora tendem a, por exemplo, evitar assumir novos desafios ou responsabilidades por medo de falhar ou de serem expostas como “fraudes”.
E elas não são poucas, infelizmente. Uma pesquisa conduzida pela KPMG revelou que 75% das mulheres executivas entrevistadas relataram ter vivido a síndrome da impostora em algum momento de suas carreiras. Além disso, 56% delas temiam que as pessoas ao seu redor não acreditassem em sua capacidade de desempenhar suas funções.
Outro estudo, realizado pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes na Universidade Estadual da Geórgia, analisou 150 mulheres em posições de destaque profissional e descobriu que, quanto mais respeitadas e bem-sucedidas, mais essas mulheres sentiam-se inseguras e acreditavam ser uma fraude.
Mas como mulheres e também as empresas podem lidar melhor com esse mal que assola tantos escritórios?
O termo “síndrome da impostora” foi cunhado na década de 1970 pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, que identificaram esse padrão de comportamento em mulheres de alta performance. Essas mulheres, apesar de serem competentes e bem-sucedidas, acreditavam que não mereciam seu sucesso e temiam ser expostas como “fraudes”.
Em outras palavras, trata-se de fenômeno psicológico que se caracteriza pela dificuldade de uma pessoa em internalizar suas conquistas. Mesmo diante de evidências objetivas de sucesso, como promoções, reconhecimento ou bons desempenhos, indivíduos com a síndrome tendem a acreditar que não são tão competentes quanto os outros pensam e que, eventualmente, serão descobertos.
Esse sentimento de inadequação pode ser especialmente prevalente em contextos onde a mulher se sente fora de seu “lugar”, como em ambientes predominantemente masculinos ou altamente competitivos, onde as expectativas sociais e profissionais parecem ser mais elevadas.
Estudos indicam que a síndrome da impostora está frequentemente ligada à socialização de gênero. Desde cedo, muitas mulheres são educadas a serem modestas, a não se destacarem e a duvidarem de suas capacidades.
Essa internalização pode levar a uma autocrítica excessiva e à sensação de que suas realizações são fruto de sorte ou circunstâncias externas, e não de mérito próprio.
Mas vale destacar que, embora a síndrome da impostora tenha sido inicialmente observada em mulheres em cargos de níveis hierárquicos mais altos (e seja mais comum entre elas), esse mal pode afetar qualquer pessoa, independentemente de gênero, idade ou ocupação.
As causas, nesses casos, são multifacetadas e podem incluir fatores como a comparação social constante, a pressão para atender a padrões de excelência e a internalização de expectativas irrealistas.
Além disso, o fenômeno pode ser alimentado por experiências de infância ou por um ambiente de trabalho que não valorize ou reconheça adequadamente as conquistas.
Ao longo do tempo, esse padrão de pensamento pode gerar sérios impactos no bem-estar emocional, como ansiedade, estresse, exaustão e até depressão, além de prejudicar a performance profissional e o crescimento pessoal, como já vimos neste artigo.
O primeiro passo para superar a síndrome da impostora é identificar quando ela está se manifestando. Muitas vezes, pensamentos autodepreciativos como “eu não mereço esse cargo” ou “foi só sorte, qualquer um poderia ter feito isso” aparecem de maneira automática.
Ao perceber essas crenças limitantes, tente questioná-las: quais evidências sustentam essa ideia? Eu diria o mesmo para um colega na mesma situação?
Nomear esse padrão de pensamento ajuda a reduzi-lo e a criar uma visão mais equilibrada sobre suas competências.
Conversar sobre essas inseguranças com outras colegas de confiança, com mentores ou amigos pode ajudar a desmistificar essa sensação de inadequação.
Muitas mulheres bem-sucedidas, principalmente em cargos de liderança, já experimentaram esse sentimento. Grandes nomes como Michelle Obama e Sheryl Sandberg já relataram episódios de insegurança mesmo em suas carreiras consolidadas.
Ao perceber que outras pessoas enfrentam desafios semelhantes, você pode ganhar mais confiança para seguir em frente.
Muitas vezes, a síndrome da impostora impede que as pessoas reconheçam suas próprias vitórias. Para combater isso, crie um “dossiê de conquistas”: um documento ou diário onde você registra elogios recebidos, projetos bem-sucedidos e momentos em que superou desafios.
Quando a dúvida surgir, releia esse material e lembre-se de que seu progresso é resultado de esforço e dedicação, e não de sorte ou circunstâncias externas.
O desejo de fazer tudo com excelência pode ser positivo até certo ponto, mas quando se torna um obstáculo para agir, ele se torna prejudicial.
Pessoas que sofrem com a síndrome da impostora frequentemente acreditam que precisam atingir padrões irreais para serem reconhecidas como competentes. Para desafiar esse pensamento, estabeleça metas realistas e valorize seu progresso.
Ao invés de esperar pela perfeição, adote a mentalidade de aprendizado contínuo: “o que posso aprender com essa experiência?”
Se os sentimentos de inadequação estiverem interferindo na sua vida pessoal e profissional, a ajuda de um psicólogo ou terapeuta pode ser essencial.
A terapia cognitivo-comportamental (TCC), por exemplo, é uma muito eficaz para reformular crenças autodepreciativas e desenvolver uma autoimagem mais positiva.
Além disso, algumas empresas oferecem programas de suporte emocional para colaboradores — procure saber se há esse tipo de recurso disponível no seu ambiente de trabalho e, se não tiver, que tal encabeçar essa iniciativa? Um grupo de apoio entre colegas, por exemplo, é simples de ser implementado. Inclusive, essa é a próxima dica!
Engajar-se em redes de apoio, como grupos de mulheres na sua área profissional ou comunidades pode ser uma ajuda muito boa. Além do networking, você poderá trocar experiências e conselhos, e fortalecer a sensação de pertencimento.
Muitas empresas e associações oferecem programas de mentoria, nos quais profissionais mais experientes ajudam outras mulheres a superar desafios de carreira e autoconfiança.
Lidar com a síndrome da impostora é, antes de tudo, uma tarefa individual. A mulher que se sente paralisada pela insegurança precisa ter um olhar mais gentil para si mesma e buscar reverter pensamentos limitantes.
No entanto, essa jornada não precisa — e nem deve — ser solitária. As organizações podem criar um ambiente mais favorável para que esse processo ocorra de forma mais estruturada e menos desgastante.
Embora a mudança de mentalidade seja um compromisso individual, ter acesso a um espaço que valoriza e incentiva a autoconfiança pode acelerar a superação desse desafio e isso gera resultados positivos para todos, inclusive para os negócios, que desfrutarão de profissionais mais proativos e seguros de si.
Aqui estão algumas medidas que as empresas podem adotar:
Fomentar um ambiente onde a diversidade e a inclusão sejam prioridades é uma das formas de reduzir o sentimento de inadequação. Se todas as vozes forem ouvidas, as mulheres e qualquer um com a síndrome da impostora terão mais espaço para se expressar sem medo de julgamentos.
Um exemplo notável é o da Salesforce, gigante do setor de tecnologia, que revisou sua estrutura salarial para garantir equidade de gênero e, para além disso, promove treinamentos e implementou políticas internas que incentivam a representatividade feminina em cargos de liderança, criando um ambiente mais acolhedor para as mulheres.
Estabelecer programas que conectem funcionárias a mentores experientes pode resultar em uma excelente orientação. Muitas mulheres encontram dificuldade em visualizar seu crescimento profissional porque não têm referências próximas de liderança feminina em suas áreas.
Na SOAP, por exemplo, as colaboradoras têm suporte contínuo para desenvolver autoconfiança e enfrentar desafios profissionais. Como destaca Renata Catto, especialista em liderança feminina e Diretora de Negócios da SOAP:
“Na SOAP, acompanhamos de perto o desenvolvimento de cada uma, oferecendo apoio, especialmente em momentos de insegurança e na superação da síndrome da impostora.”
A falta de reconhecimento é um dos principais gatilhos para a síndrome da impostora. Quando o trabalho não é devidamente valorizado, qualquer pessoa tende a duvidar de suas próprias competências e se sente menos motivada a buscar desafios maiores.
Empresas que adotam sistemas transparentes de reconhecimento profissional, como avaliações de desempenho estruturadas e feedback regular, ajudam a reforçar a autoconfiança das colaboradoras.
A Deloitte, por exemplo, criou um programa chamado Women’s Initiative, que valoriza publicamente as conquistas femininas e incentiva políticas que garantem crescimento igualitário dentro da empresa.
Oferecer workshops e treinamentos voltados para o desenvolvimento pessoal e profissional das colaboradoras é outra maneira eficaz de ajudá-las a lidar com a síndrome da impostora.
Treinamentos sobre liderança, comunicação assertiva e inteligência emocional, por exemplo, as capacitam para enfrentarem desafios e se posicionarem com mais segurança em reuniões e tomadas de decisão.
Aqui na SOAP temos uma vitrine com diversos treinamentos in company que você pode levar para seu time. Confira alguns:
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