Entenda o que esperar do futuro da criatividade com o surgimento de inteligências artificiais
Em tempos de automação, é possível conciliar a inteligência artificial (IA) e criatividade? Por um lado, há quem acredite que as máquinas serão capazes de substituir os humanos em todos os aspectos. Mas, na prática, as ferramentas de IA parecem não ser capazes, ao menos por enquanto, de substituir o fator criativo.
Dentro desse embate, fica a dúvida sobre como tirar o melhor proveito dos dois mundos: a capacidade humana e a inteligência das máquinas.
Em 2022, por exemplo, o jornalista Charlie Warzel escreveu em sua newsletter “Galaxy Brain”, do The Atlantic, um pedido de desculpas por conta de uma polêmica envolvendo o uso de imagem gerada por Inteligência Artificial em uma de suas publicações.
Basicamente a discussão girava em torno do “desrespeito” aos artistas, que se viam ameaçados com o surgimento da nova ferramenta. A situação parecia até justificável no momento, quando se tinha muitas dúvidas a respeito das proporções que a IA generativa tomaria, mas hoje ainda faria sentido?
Atualmente, uma nova linha de pensamento propõe que as ferramentas criadas a partir da tecnologia atuem como uma aliada no dia a dia. Ou seja, serão mais um ponto de apoio para tirar das mãos dos profissionais as atividades mecânicas e burocráticas, deixando-os livres para explorar sua criatividade.
Neste artigo, entenda como conciliar Inteligência Artificial e criatividade para gerar novas ideias e fomentar a inovação no mercado. Esse foi, inclusive, um dos assuntos do quinto episódio do Talk SOAP, o podcast sobre comunicação e criatividade da SOAP.
O convidado para falar do assunto foi Diego Fonseca, designer de formação, pós-graduado em design estratégico e cofundador da Vitamínica. Veja mais informações a seguir:
Gerar ideias originais, combinar elementos existentes, pensar de maneira não linear, capacidade de solucionar problemas… são diversas as definições atribuídas à criatividade.
No dicionário, a palavra é associada à “capacidade de criar, inventar ou produzir algo original e de valor, seja em termos de arte, música, escrita, design ou qualquer outro campo de atividade humana”.
Mas, na prática, a criatividade é um conceito quase que intangível. Não existe uma linearidade no processo criativo, tampouco ele se dá da mesma forma para cada pessoa. Ao contrário, cada um tem sua própria fonte de inspiração e seus “rituais” criativos.
O que tem ocorrido atualmente é que um novo elemento está redefinindo o que conhecemos como processo criativo: a tecnologia. As ferramentas de IA generativa , como o chat GPT, chegaram ao mercado com a promessa de que as máquinas agora podem, de fato, ter capacidade criativa similar a dos humanos, mas algumas questões devem ser ponderadas.
A principal delas é que para esses modelos de linguagem, como são conhecidos, funcionarem adequadamente, eles precisam dos imputs certos. Ou seja, as ferramentas são capazes de apresentar bons resultados, desde que a pessoa que a esteja utilizando consiga fornecer instruções claras, objetivas e disruptivas do que ela quer.
Isso significa que, ainda que a máquina faça o “trabalho pesado”, o esforço de inteligência e criatividade ainda é do humano que a controla.
Seja no âmbito pessoal ou profissional, a criatividade é uma importante aliada da inovação. É ela quem estimula uma pessoa a pensar em algo original, disruptivo e que fuja do comum. Essa é uma habilidade nata para alguns, mas também pode ser desenvolvida ao longo da vida com os estímulos certos.
Explorar novos assuntos, descobrir coisas novas, conversar com pessoas diferentes, se expor a situações diversas, tudo isso pode ajudar uma pessoa a exercitar seu lado criativo.
No mercado de trabalho, essa é uma habilidade que tende a ganhar cada vez mais relevância. E se você acha que essa deve ser uma preocupação apenas dos artistas, designers, escritores, publicitários ou outros profissionais tipicamente ligados à criatividade, está enganado.
Com o desenvolvimento tecnológico e as máquinas ganhando funcionalidades cada vez mais aprimoradas e capazes de substituir os humanos em tarefas mecânicas e burocráticas, é o fator criativo que ajudará profissionais de diversos segmentos a se destacarem em seus campos de atuação.
Além disso, o profissional criativo acaba desenvolvendo outras habilidades igualmente importantes e valorizadas no ambiente empresarial, como a capacidade de resolução de problemas, busca constante pelo desenvolvimento de qualidade e processos de melhoria, pensamento crítico, entre outras.
Para quem quer desenvolver sua criatividade, algumas ações podem ajudar nesse processo. Veja 4 dicas sobre como estimular sua criatividade no dia a dia:
O primeiro para se tornar criativo é entender quais atividades estimulam esse processo internamente. Algumas pessoas, por exemplo, se tornam mais criativas ouvindo música, enquanto outras preferem meditar ou fazer atividades físicas.
Um ponto importante é criar consciência de que esse processo de estimulação está relacionado à constância, ou seja, é preciso ter certa regularidade nessa prática para que a criatividade seja estimulada constantemente.
Outra questão é que o objetivo não é ser o melhor na atividade que você escolher desempenhar e sim abrir sua mente para possibilidades que não parecem tão óbvias no dia a dia. Por isso, é importante deixar o perfeccionismo de lado e aproveitar os recursos e oportunidades disponíveis.
Pessoas observadoras, que questionam e têm curiosidade sobre as coisas costumam estar sempre aprendendo coisas novas e agregando novas referências ao seu repertório. O que é muito positivo para estimular a criatividade, a inovação e a capacidade de resolução de problemas.
Atualmente, existem diferentes ferramentas (online ou não) disponíveis para quem quer aprender assuntos diversos. Alguns exemplos, são os livros, eventos, TEDTalks, podcasts e até mesmo navegar pelas redes sociais pode render boas inspirações.
Também vale o bom e velho boca a boca, ou seja, sempre que houver oportunidade, vale conversar com pessoas fora do seu ciclo de amizade para conhecer visões diferentes sobre variados assuntos.
Estar constantemente exposto a novas informações e estímulos pode gerar uma sobrecarga mental, que por sua vez mina a criatividade. Por isso, tire um período para descansar a mente, permitindo que seu cérebro possa assimilar com mais calma as informações que aprender.
Lembre-se de que descansar também é uma parte importante do processo de aprendizado, especialmente quando seu objetivo é aflorar sua criatividade.
Um novo projeto pode causar medo e insegurança, mas o medo de errar não pode paralisar o processo criativo e muito menos o desejo de promover a inovação.
Muito pelo contrário, no momento de testar novas ideias e projetos, o erro acaba fazendo parte do processo e é uma oportunidade de entender quais pontos podem ser aperfeiçoados. Ou seja, mais uma oportunidade de aprender.
Diego Fonseca, cofundador e apresentador do Vitamínica, especialista em aprendizagem, curadoria e facilitação criativa, é um dos convidados da segunda temporada do Talk SOAP, o podcast da SOAP.
Ele reflete sobre toda essa questão envolvendo Inteligência Artificial e criatividade. Segundo ele, é muito comum que quando novas tecnologias surgem, como no caso da IA generativa, exista uma insegurança no mercado, mas é preciso ter cautela para ponderar a situação.
“Isso não é uma frase minha, mas do Kevin Kelly, que diz que a IA não vai substituir o seu melhor criativo, o melhor profissional, mas vai substituir o seu pior. Então é uma questão de saber usar a ferramenta.”
Fonseca ainda propôs uma ressignificação do termo IA, como Inteligência Assistida ou Inteligência Aumentada, que basicamente refere-se à capacidade da tecnologia de permitir aos humanos alcançarem coisas que dificilmente seriam acessadas sem a ajuda desse facilitador.
“É uma excelente ferramenta, mas o que está acontecendo é que estamos trazendo humanização para a tecnologia e robotização para a humanidade, então a intimidade artificial é a consequência desse universo tecnológico”, destaca.
Na visão de Diego Fonseca, parte do motivo pelo qual as pessoas estão sendo menos criativas é porque está todo mundo querendo encontrar fórmulas prontas e soluções simplórias para questões complexas.
“A fricção que a tecnologia está querendo tirar para tornar a experiência cada vez mais fluida para as relações humanas é o que eu mais quero. Na fricção é que eu me conheço melhor, é que eu converso com outras pessoas que discordam de mim, só que isso dá mais trabalho.”
Essa fala do especialista tem relação com o atrito ou desconforto que as novas tecnologias causam nas pessoas. Além da dificuldade de enfrentar algo novo ou diferente do habitual.
Diego Fonseca, designer de formação, pós-graduado em design estratégico e cofundador da Vitamínica, é um dos convidados do Talk SOAP, podcast sobre comunicação e criatividade da SOAP Brasil. A temporada é composta por sete episódios e aborda assuntos relacionados ao desenvolvimento profissional, diversidade, saúde mental, entre outros.
Confira a lista de convidados:
Ouça ao episódio completo sobre criatividade no Spotify:
Ou, se preferir, assista ao episódio no Youtube da SOAP: