Novos cenários e tecnologias exigirão ainda mais assertividade e afetividade
Discutir comunicação no futuro do trabalho nunca foi tão instável, mas ao mesmo tempo extremamente necessário.
Instável, porque ninguém parece saber ainda o que nos espera nos próximos meses ou anos, em termos macro. Estamos no meio de um debate sobre a continuidade ou não do home office.
Enquanto alguns relatórios — como um estudo recente da Fundação Getulio Vargas (FGV) — sugerem que o home office parcial ou integral tem potencial para dobrar em 2024, outros — como o LinkedIn Economic Graph — apontam que as vagas desse tipo estão diminuindo (caíram 35% de 2022 para 2023 no Brasil) e tendem a continuar caindo em 2024.
Se você entrar no LinkedIn agora e pesquisa pelo termo “home office”, se verá no meio de uma discussão calorosa: de um lado, os que veem ganhos de produtividade e qualidade de vida no trabalho remoto (principalmente colaboradores); do outro (em sua maioria, donos de negócios) preocupados também com produtividade e desempenho.
Recentemente, empresas como o Google anunciaram que comparecer ao escritório seria levado em consideração nas avaliações de desempenho. A Meta também passou a monitorar o quanto os funcionários estão batendo ponto, podendo haver advertência para quem não cumprir metas de frequência.
O trabalho à distância impacta diretamente os processos de comunicação, principalmente os de comunicação interna das empresas. Alguns questionamentos são importantes, como por exemplo:
Se estão todos à distância, quais serão as ferramentas síncronas e assíncronas? Se estão no presencial, como serão as reuniões e feedbacks? E mais: se as equipes estão divididas, com alguns presentes e outros à distância, como ficam esses processos?
Com as equipes trabalhando à distância, há uma dependência maior de ferramentas como e-mails, mensagens instantâneas, videoconferências e plataformas colaborativas. Isso exige que todos os membros estejam adequadamente equipados e treinados para usar essas ferramentas eficientemente.
Além disso, sem a interação “cara a cara” do escritório, é essencial estabelecer estruturas ainda mais claras de comunicação. Isso inclui definir canais específicos para diferentes tipos de comunicação, estabelecer regras para reuniões virtuais e assegurar que todos na equipe compreendam as expectativas.
Com o trabalho remoto, as equipes ainda podem estar distribuídas em diferentes fusos horários. Isso requer flexibilidade na programação de reuniões e na comunicação assíncrona, assegurando que todos possam colaborar, independentemente de sua localização geográfica.
E, principalmente, a comunicação escrita ganha mais importância. Isso significa que habilidades de redação clara e eficaz são mais valorizadas, e documentos como e-mails e memorandos precisam ser bem estruturados e compreensíveis.
A comunicação remota, se mal executada, pode dificultar a construção de relacionamentos interpessoais e a manutenção de uma cultura de equipe coesa. As empresas devem criar oportunidades virtuais para interação social e team building para fortalecer os laços entre os colaboradores.
Portanto, o trabalho remoto exige uma abordagem adaptada e isso será particularmente desafiador conforme um mercado cada vez mais híbrido se configura.
Há ainda um outro fator a ser considerado nesse novo cenário: a popularização das ferramentas de Inteligência Artificial (IA) — principalmente a generativa — estão transformando diversos processos nas empresas e isso exigirá ainda mais habilidades de comunicação dos colaboradores no futuro do trabalho.
Segundo dados do relatório Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, Inteligência Artificial deve ser adotada por 75% das empresas nos próximos cinco anos.
Essa tecnologia pode impactar de diversas formas a comunicação nas empresas:
Aqui entra o ponto central da questão: diante da possibilidade de trabalhar com equipes presencialmente ou à distância e ainda lidar com as novas tecnologias afetando esses processos, saber se comunicar (uma habilidade que já vinha sendo cada vez mais valorizada no mercado), será agora imprescindível.
A era digital está transformando o ambiente corporativo e, por isso, também transforma a comunicação.
Como destaca Genesson Honorato, head de inovação de Recursos Humanos, especialista em futuro do trabalho e embaixador da SOAP, a IA tem o potencial de tornar os processos de comunicação mais assertivos, mas em contrapartida exigirá de nós algo que ela não pode entregar.
“Ela nos ajudará a formatar textos mais objetivos, gastando menos energia de elaboração, por exemplo. Mas, ao mesmo tempo, o que dará sentido ao todo será a afetividade da comunicação”, define o especialista.
Uma pesquisa feita pela TalentLMS com gerentes de RH aponta que algumas habilidades humanas serão mais desejadas conforme as tecnologias emergentes ganharem espaço no mercado, como: resolução de problemas, criatividade, originalidade, imaginação e capacidade de aprender.
Ou seja, você pode usar o chatGPT para elaborar um roteiro de uma apresentação profissional ou pode automatizar todos os e-mails. Mas será a sua humanidade que transformará isso em algo que, de fato, impacta o receptor da mensagem.
Isso será ainda mais importante nos casos de trabalho remoto, já que a distância por si só já representa uma barreira de comunicação a mais. Inclusive, por isso, Honorato aposta que o engajamento será um dos principais desafios das empresas em 2024.
Se apelarmos para a automatização completa, sem nos preocuparmos em sermos também mais afetivos na comunicação, a tendência é um afastamento cada vez maior e, consequentemente, menos efetividade na mensagem.
A comunicação no futuro do trabalho será um desafio e uma oportunidade. O avanço tecnológico, especialmente no campo da Inteligência Artificial (IA), e as novas configurações de trabalho, exigem uma revisão e adaptação dos processos.
Um dos primeiros aspectos a serem considerados é a integração entre tecnologia e habilidades. As ferramentas vão nos ajudar, mas a comunicação eficaz permanece na capacidade de transmitir empatia e criatividade.
O desafio é usar a tecnologia como um facilitador, sem perder a essência da comunicação que gera engajamento e conexão.
Para Genesson Honorato, comunicação e inteligência emocional se tornarão cada vez mais importantes.
“Dizemos que se pretendeu que o metaverso fosse apenas um espaço específico, em que você colocaria os óculos para entrar nele, mas na verdade já estamos imersos em um metaverso, onde a economia da atenção rouba nossa atenção o tempo inteiro. Para adquirir essas habilidades (comunicação e inteligência emocional) será necessário autoconsciência do impacto desses modelos de tecnologia em nós”, explica o especialista.
Ele complementa: “precisaremos estar mais atentos para entender qual é nosso lugar nesse mecanismo, não ficar apenas à deriva, como meros espectadores, mas entender que somos afetados o tempo inteiro por essas tecnologias. Elas vão requerer de nós autoconsciência desse cenário e que reflitamos isso para fora, por meio de inteligência emocional, para sobreviver a esses tempos de adoecimento mental e também nos comunicarmos assertivamente para conectar indivíduos nesse novo momento histórico.”
Isso tudo também passa por capacitação. As organizações deverão investir continuamente na capacitação de seus colaboradores, não apenas em ferramentas tecnológicas, mas também no desenvolvimento de hard e soft skills.
Habilidades como resolução de problemas, criatividade, originalidade e capacidade de aprender serão essenciais para navegar no ambiente de trabalho em constante mudança. A aprendizagem contínua e o desenvolvimento de competências devem integrar a cultura organizacional.
Cerca de 44% das habilidades que os profissionais têm hoje já vão estar desatualizadas nos próximos cinco anos? É o que revela o Future of Jobs Report, do Fórum Econômico Mundial.
Mas, então, quais habilidades (além de comunicação) serão tão importantes no médio e longo prazo?
Para responder a essa pergunta, a SOAP oferece um e-book gratuito que apresenta as dez habilidades para desenvolver e se destacar frente às demandas do mercado, com insights de Érika Barros, Head de Produto e Inovação da SOAP.
O material ainda apresenta os conceitos e qual o diferencial para o desenvolver equipes que serão destaque nos próximos anos. Baixe agora o seu e-book!
O especialista em futuro do trabalho Genesson Honorato foi um dos convidados da segunda temporada do podcast Talk SOAP. A seguir, confira o bate-papo sobre diversidade e inovação na prática: